As
pessoas me perguntam o que eu tenho e sempre sou sincera ao responder “nada.”
Eu não
tenho nada.
Não tenho
coisas para o que me orgulhar, para dizer “tá vendo isso aqui, fui eu quem conseguiu.”
Sem amigos. Sem família. Sem profissão. Sem amor.
Eu não
tenho nada!
Tudo o
que eu poderia ter eu deixei passar. Fui imatura e só tive “falsos ajudadores”
que diziam me ajudar a passar por isso, mas que, além de não ajudar, me
abandonaram.
As únicas
coisas que acumulo aqui são dores, tristezas, decepções.
Sequer
vida eu tenho. Somente tenho existência, uma mera existência pacata, medíocre,
amarga.
Eu olho para
o tempo onde pelo menos o amor eu tinha, e preferia nunca ter tido. Preferia
nunca ter tido o que eu perdi. Preferia nunca ter tido nada, assim eu não
conheceria a dor de se sentir vazia.
Vazia por
um dia ter tanto e no outro não ter nada.
Em um dia
eu possuía tudo. No outro, eu já não tinha nada. E eu não tenho nada.
Mas eu
sinto, e sinto muito.
E então
eu vejo quão forte nossos sentimentos podem se tornar. O meu “muito” é tão
forte que eu queria que fosse “nada”. Preferia não sentir nada.
Mas eu
sinto muito.