2.11.15

Nada.

     As pessoas me perguntam o que eu tenho e sempre sou sincera ao responder “nada.”
     Eu não tenho nada.
     Não tenho coisas para o que me orgulhar, para dizer “tá vendo isso aqui, fui eu quem conseguiu.” Sem amigos. Sem família. Sem profissão. Sem amor.
     Eu não tenho nada!
     Tudo o que eu poderia ter eu deixei passar. Fui imatura e só tive “falsos ajudadores” que diziam me ajudar a passar por isso, mas que, além de não ajudar, me abandonaram.
     As únicas coisas que acumulo aqui são dores, tristezas, decepções.
     Sequer vida eu tenho. Somente tenho existência, uma mera existência pacata, medíocre, amarga.
     Eu olho para o tempo onde pelo menos o amor eu tinha, e preferia nunca ter tido. Preferia nunca ter tido o que eu perdi. Preferia nunca ter tido nada, assim eu não conheceria a dor de se sentir vazia.
     Vazia por um dia ter tanto e no outro não ter nada.
     Em um dia eu possuía tudo. No outro, eu já não tinha nada. E eu não tenho nada.
     Mas eu sinto, e sinto muito.
     E então eu vejo quão forte nossos sentimentos podem se tornar. O meu “muito” é tão forte que eu queria que fosse “nada”. Preferia não sentir nada.

     Mas eu sinto muito.